quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Assalto. Tiroteio. Morte.

A chamada é forte. Assalto. Tiroteio. Morte. Violência. Tudo num dos lugares mais movimentados de Porto Alegre. Ali mesmo, onde tu passas todos os dias de ônibus. Pertinho de onde tu vais tomar chimarrão aos domingos. Ali do lado da Redenção. Pertinho da faculdade. E do Colégio Militar.
No meio da tarde, um grupo de criminosos invade uma imobiliária na Avenida Oswaldo Aranha para cometer um roubo. Na fuga, eles se deparam com a polícia. Troca de tiros. Dois criminosos mortos e um terceiro ferido.
O comandante da 3ª Companhia do 9º Batalhão da Brigada Militar, que é responsável pelo policiamento na região, Major Lúcio Alex Ruzik, diz que o fato é algo atípico, e não vai motivar medidas específicas por parte da Brigada Militar.
Enquanto eu conversava com o Major, apareceu um soldado, que foi o primeiro a se deparar com os ladrões e trocar tiros. A expressão de nervosismo estava clara na sua fisionomia. Olhos arregalados com lágrimas acumuladas, voz tensa, gestos de certa forma extravagantes para um policial. Perguntei para o Major: é a primeira vez que ele pega algo grave assim? Sim, foi a primeira vez. E ele foi o primeiro PM a se deparar com os bandidos.

Em que medida esses profissionais estão verdadeiramente preparados para assumir a atividade que lhes é designada? Não desconfio da competência da Brigada Militar. O que quero salientar é que por vezes existe tamanha cobrança da população, mas não se leva em consideração que policias não são super-homens. Não são imortais. E têm um agravante: têm um salário básico de R$ 728. Isso inclui aqueles adicionais pelo risco de morte. O salário mais baixo do Brasil.
Do outro lado, estão pessoas marginalizadas que arriscam a vida para obter dinheiro. Às vezes não têm muito a perder. Às vezes perdem a vida. Cujas histórias e existência perdem significado no exato instante que se tornam alvos de balas de revólver. Seja do armamento da polícia, seja do armamento de outros criminosos.

E por aí está o restante da população. Nem polícia, nem bandidos. Civis. Que também têm medo. Que também não são imortais, e se vêem no fogo cruzado entre polícia e bandidos.

3 comentários:

Cris Rodrigues disse...

Nati, teus dois últimos posts estão realmente excelentes, gostei demais.
E concordo contigo em tudo. É impressionante ver as diferenças entre a polícia estadual e a federal. Pra começar, o salário. De 728 pra 7 mil...
Mas sério mesmo, Nati, gostei demais.

Paula disse...

O blog continua, né? Diz que sim, diz que sim!

Natália Pianegonda disse...

Continua... porque eu gostei da idéia... e quero que seja meu trabalho final...