quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Diálogos


O contexto: Três grupos de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra caminham da fronteira, da zona sul e da região metropolitana rumo a Coqueiros do Sul, no norte do Estado. O objetivo: pressionar pela desapropriação da Fazenda Coqueiros, de propriedade da família Guerra. Um dos grupos passou por Bagé, e houve transtornos. O alojamento dos sem-terra, um ginásio municipal, foi depredado. Porém, não pelo MST. As agressões partiram da parte externa do prédio.

Mauro Cibulski, coordenador estadual do MST: “Os produtores rurais se organizaram e passaram a noite jogando pedras e rojões (...) depredaram patrimônio público (...) destruíram o carro do Frei Zanatta (...) quebraram janelas (...) Foi feita denúncia na delegacia e também no Ministério Público”

Tarso Teixeira, vice-presidente da Farsul: “Dificilmente isso tenha partido de ruralistas. Isso provavelmente partiu de moradores da cidade, porque hoje em dia ninguém mais aceita que esse tipo de gente passe por sua cidade (...)”

Mauro Cibulski, coordenador estadual do MST: “E a Brigada Militar ficou lá olhando, sem fazer nada. Esperamos que a Secretaria de Segurança Pública tome providências imediatamente (...)”

Coronel Paulo Roberto Mendes, subcomandante geral da Brigada Militar: “Isso é típico do MST. Eles sempre dizem que a Brigada Militar nunca faz nada e quando faz é contra eles. A Brigada Militar não tem lado! A obrigação da Brigada Militar é manter a ordem pública, não importando quem está tomando qualquer atitude de perturbação a ordem pública. E é para acabar com essa ladainha (...)!”

Mauro Cibulski, coordenador estadual do MST: “Nós estamos marchando e dialogando com as comunidades, estamos sendo muito bem recebido (...) e nós devemos chegar a Fazenda Guerra na primeira ou segunda semana de outubro (...) queremos a desapropriação da Fazenda Guerra (...)”

Tarso Teixeira, vice-presidente da Farsul: “Nós não vamos permitir nenhuma invasão de terras no Rio Grande do Sul (...) são um bando de desocupados urbanos (...) boa parte dessas pessoas não tem raízes da terra (...) tem que ter preparo para ser um produtor rural (...) Vamos montar um acampamento dentro da Fazenda Coqueiros e apoiar a família Guerra. E eles não vão entrar naquela terra”

Coronel Paulo Roberto Mendes, subcomandante geral da Brigada Militar: “A Brigada Militar está finalizando um relatório para encaminhar e pedir a intervenção do Ministério Público e evitar um conflito entre os produtores e o MST”

Mauro Cibulski, coordenador estadual do MST: “Nós sabemos que o coronel Mendes tem um posicionamento contrário ao MST. Ele está dizendo, mesmo na imprensa, que o que há é um conflito eminente. Mas nós não queremos conflito. Nós sempre marchamos e estamos fazendo algo que é de direito: nós estamos lutando pela reforma agrária”

Coronel Paulo Roberto Mendes, subcomandante geral da Brigada Militar: É por isso que nós estamos acionando o Ministério Público, porque queremos evitar um problema maior para a comunidade”

Se eu tiver que ter um lado, do lado de quem eu devo ficar?

Porque, ou o MST se faz de vítima (com um discurso muito mais sutil do que as práticas que utilizam e que também lhe apregoam) e a Brigada Militar realmente se posiciona ao lado dos ruralistas, sempre; ou o MST não tem direito a invadir terras e a Brigada Militar está apenas cumprindo a lei, que zela o direito a propriedade privada.


2 comentários:

Cris Rodrigues disse...

e tu já escolheu um lado, nati?

Unknown disse...

Escolhi...
tá meio explícito no tom da pergunta